Bom,
antes de qualquer coisa, vou me apresentar.
Dani
é o meu nome e 30 é a minha idade. Sou historiadora de formação e professora de
vocação. Gosto de séries, só queria poder assistir mais. O problema é que eu
realmente não tenho muita paciência pra ver tudo que é coisa que as emissoras
produzem. Eu sei, não é muito legal falar isso, especialmente em um blog sobre
séries, mas a verdade é que eu sou incomum, porém, isso não diminui o meu amor
por essas pequenas pílulas semanais de ficção.
Já
fiz muito binge watching nessa vida,
muito antes de sequer saber que essa expressão existia e ainda acho uma das
melhores coisas que existem. Poucas sensações são tão boas quanto as de “devorar”
uma temporada de 22, 23 episódios inteira em 48, 72 horas. Há quem faça em
menos, isso é verdade, mas hey, quem aqui tá competindo? Tudo o que eu quero é
ir logo pro próximo episódio e saber como aquela história se desenvolveu e se
aquela personagem realmente morreu.
Enfim,
eu poderia ficar aqui falando e falando sobre o quanto gosto de assistir séries
e como isso afetou e afeta a minha vida, mas isso aqui não é um blog sobre ela,
então, vamos lá.
Ah,
só um pequeno aviso: eu não sou muito boa em criticar séries, uma vez que tenho
a irritante mania de achar bom aquilo que eu gosto, contudo, consigo
compreender quando algo é considerado meio...exótico pelo público em geral.
Dito
isso, voltemos à programação normal.
Quando
a ideia desse blog surgiu com a Brenda, eu logo pensei em falar sobre MARVEL’S
AGENTS OF S.H.I.E.L.D., que na minha humilde opinião se tornou uma das novas
séries mais promissoras da atualidade. Tinha me decidido a fazer um texto sobre
o time do Agente Coulson, mas daí cheguei em casa e liguei a tevê e o que vi me
fez guardar por um tempinho a ideia que tinha na cabeça.
Roupas, cabelos, jeans, muito jeans, quanto jeans! |
O
que você viu quando ligou a tevê?, você me pergunta, e eu te respondo com
algumas palavrinhas em inglês (só ‘googlar’, pra quem não manja da língua): “So no one told you life was gonna be this
way”. Se você ainda não sacou onde eu quero chegar, é de FRIENDS que eu vou
falar e se na sua casa tem tv a cabo, com certeza você já assistiu ou pelo
menos viu alguma coisa da série de relance. As reprises são diárias, às vezes
até três vezes ao dia, praticamente desde quando a série chegou ao fim, há dez
anos.
Dez
anos também foi o tempo de duração de FRIENDS, dez temporadas com uma média de
24 episódios cada, alguns de 25 minutos, outros chegando até a 40 dependendo da
temporada. Seus criadores, David Crane e Marta Kauffman também produziram a
série juntamente com Kevin S. Bright e a Warner Bros. e a NBC, uma das maiores
emissoras de televisão dos Estados Unidos, a exibiu. FRIENDS ainda hoje é
considerada umas das mais populares sitcoms
(‘situation comedy’) da história e
suas mais de 60 indicações ao Emmy Awards, outras tantas ao Golden Globe Awards
e as vitórias nessas e outras premiações de televisão garantem o “bom nome” da
série. Inicialmente chamada de Insomnia Café
e depois Friends Like Us, chegou-se
finalmente ao nome ideal, simples e direto, FRIENDS. Uma curiosidade dessa
mesma época de definições é que a primeira música de abertura escolhida pra
série foi Shiny Happy People da banda
R.E.M., mas depois de um teste com telespectadores, os produtores preferiram
não utilizá-la. Optaram então por outra canção, escrita e composta pelos
criadores da série e pelos membros da banda The Rembrandts especialmente pra
esse propósito, I’ll be there for you
tem uma melodia bacaninha e é fácil de cantar.
O
enredo de FRIENDS é basicamente como o de qualquer outra sitcom: pessoas
vivenciando juntas situações diversas em um mesmo ambiente. Seis pessoas, no
caso. Mônica, Chandler, Phoebe, Ross, Joey e Rachel estão todos nos seus vinte
e poucos anos (lembre-se, a série começa em 1994, então sim, todo mundo ali
ainda não tinha chegado aos trinta!), vivendo em Nova York, mais
especificamente no West Village, um bairro ~descoladinho da cidade.
Tudo
começa quando Rachel Green, uma mocinha mimada de Long Island, estado vizinho à
NY, decide fugir do casamento com o dentista Barry e se manda pra cidade grande
a procura da sua amiga de infância, a agora ex-gordinha e control freak, Mônica Geller. Mesmo sem ver Rachel há tempos, Mônica
resolve dar abrigo e a apresenta aos seus amigos da cidade: Phoebe Buffay, uma
massagista freelance que escreve músicas que levam nomes como “Ode ao pelo pubiano”
e “Gato fedorento” (a linda e poética “Smelly cat”); Joey Tribbiani, ator, “pegador”
e que não aceita dividir comida; Chandler Bing, um cara que ninguém sabe
exatamente o que ele faz (nem quando ele troca de emprego), usa o humor pra
mascarar suas emoções e cujo pai hoje é uma travesti cantora; e Ross, o irmão
mais velho e nerd de Mônica, paleontólogo, que descobriu que tinha se casado
com uma lésbica e quando adolescente nutriu um amor platônico por Rachel.
A
partir daí os seis amigos passam por vários cenários: restaurantes, hospitais,
táxis, Las Vegas, Londres, o Central Park, mas quatro deles são especiais. Os
dois apartamentos, 19 e 20, onde moram Chandler e Joey e Mônica e Rachel,
respectivamente, o Central Perk Cafe, que no logo no início do piloto era um
bar, que foi fechado e deu lugar ao café e o terceiro apartamento de Ross. Dos
quatro cenários, o meu favorito, sem dúvida, é o apartamento de Mônica. É
falado na série (só não digo quando, em prol daqueles que não a viram ainda)
que todos os seis, em algum momento de suas vidas, moraram ali. O apartamento
serve também como uma espécie de “quartel-general” dos amigos, já que Mônica
raramente tranca a porta quando está em casa. Todos os seis entram ali a todo o
momento e poucas são as vezes em que vimos alguém reclamar de privacidade (aliás,
na série toda, privacidade é algo que eles parecem não conhecer ou só não ligam
muito pra esse conceito), nem quando Mônica é pedida em casamento na sala de
estar.
No Central Perk, que fica logo abaixo do
prédio onde quatro dos seis amigos vivem, eles sempre se sentam no mesmo lugar,
o sofá laranja, ladeado pela poltrona verde (?) e pela mesinha ao lado do
balcão de Gunther, o barista com uma quedinha por Rachel (sempre ela). É lá
também que Phoebe apresenta suas músicas e suas técnicas interessantes de como
tocar um violão. Além de Phoebe, Joey e Rachel, em momentos diversos, também
trabalharam lá, servindo café. Ou melhor, não servindo, já que ambos eram
péssimos no serviço. É dentro do ou em frente ao café que acontecem dois dos
momentos mais legais e bonitos da série: o primeiro beijo entre Ross e Rachel e
o casamento de Phoebe.
Já
no “apartamento dos caras”, a presença dos bichinhos de estimação de Chandler e
Joey, o Chick e o Duck, literalmente um pintinho e um pato, e a mesa de pebolim
(totó, sei lá como vocês conhecem isso) que eles usam como mesa de jantar
equilibrando os pratos nas cabeças dos jogadores de brinquedo é o que dá o tom
mais descontraído ao cenário. Diferente do apartamento das meninas, lá é tudo
mais básico, com exceção das duas poltronas reclináveis viradas pra tevê de
tela grande na estante da sala e do cachorro de porcelana gigante que Joey
compra ao se tornar um astro de novelas.
Na
quinta temporada somos apresentados ao novo apartamento de Ross, no prédio do
outro lado da rua do apartamento de Mônica, e porque ele merece menção nesse
texto? É simples. Acontece que um dos mais antológicos personagens de FRIENDS,
que apareceu no vídeo somente três vezes, mas que sempre foi muito mencionado,
morava nesse mesmo lugar. Estou falando do “Ugly Naked Guy”, um sujeito sem
noção que passava boa parte dos seus dias completamente pelado em seu
apartamento, com as janelas abertas, podendo ser visto do apartamento de
Mônica. Além disso, é quando se muda pra lá que Ross enfrenta um “terrível”
problema: o sofá muito grande que não passa pelas escadas e o obriga a berrar “PIVOT!
PIVOT! PIVOT!”, uma das cenas mais engraçadas de toda a série.
Por
inúmeras vezes eu me peguei me perguntando se tudo aquilo que acontecia com
eles aconteceria mesmo na vida real e, claro, tirando algumas situações
absurdamente incomuns, a grande maioria era sim bastante provável de acontecer
com qualquer um de nós. Era isso que, em minha opinião, fazia da série um
sucesso, esse era o seu trunfo. Qualquer um poderia se sentir um pouco Rachel,
um pouco Phoebe, Mônica, Chandler, Joey, um pouco Ross ou um pouco de cada um
ao mesmo tempo.
Outra
coisa que me fascina na série é a relação descompromissada, mas muito bonita e
afetuosa que existe entre as personagens. Por várias vezes vemos Phoebe, por
exemplo, sendo extrema e duramente sincera e, mesmo assim, no fim do dia, ela
ainda é amada e querida por todos, pois sua sinceridade vem sempre carregada de
boas intenções. Ross, coitado, é o alvo mais comum das piadas do grupo por ser o
nerd, o único com Phd, porém, é ele quem costuma ser o cara que toma as decisões
difíceis e mais sensatas. Mônica é a louca por controle e limpeza, obcecada por
ordem e ridiculamente competitiva, mas isso fica em segundo plano quando vemos
que ela cuida de todos com o mesmo amor e carinho de uma mãe cuidando dos
filhos. Rachel pode ser considerada a “superficial”, que liga mais pra
aparência do que para o conteúdo, entretanto, desde que saiu da dependência do
dinheiro do pai e aprendeu a trabalhar, se mostrou uma mulher de caráter e
muita força de vontade, ao contrário de suas duas irmãs. Joey é o “burrinho” do
grupo, o que sempre demora a entender as piadas, aquele amigo sem emprego e
renda fixa, que vive da arte e não é lá muito bom nisso também, só que o seu
coração enorme e sua autoconfiança maior ainda o deixam sempre em um estado de
humor fascinante e contagiante. E por fim, Chandler, o cara sarcástico,
dolorosamente irônico, que esconde suas emoções a qualquer custo e tem a autoestima
lá no pé. Esse é o cara que nunca levou muita fé em se apaixonar, se declarar, se
casar e começar uma família com mulher alguma, especialmente sua melhor amiga, mas
que, graças aos milhares de pedidos de fãs enviados aos produtores, uma noite
de sexo virou um relacionamento e deu vida a um dos casais mais lindos e fofos
da história das séries.
Enfim,
me prolonguei demais e esse era o meu medo de escrever sobre FRIENDS, ter muito
a dizer. Contudo, é praticamente impossível não falar muito quando se fala de
uma das séries mais incríveis já produzidas.
É
óbvio que essa minha opinião não é unanimidade, há quem não goste de FRIENDS,
há quem diga que é bobo, sem graça e nem um pouco inteligente. O que eu tenho a
dizer pra essas pessoas? Nada em especial, só que talvez elas não tenham
conseguido (talvez ainda não) “vivenciar” a verdadeira e ótima experiência que
é essa sitcom. Já vi muita gente dizer que não gosta de sitcoms e olha, por mim
tudo bem, cada um com seu cada um, só acho que dizer que algo é ruim
simplesmente porque o estilo da série não lhe agrada não é argumento suficiente
pra dizer que aquilo é ruim. Não espere plot twists mirabolantes e cliffhangers
de tirar o fôlego em sitcoms, isso não funciona ali. No caso de FRIENDS, a
maioria dos plot twists ocorridos nem mudaram tanto assim o rumo que aquelas
personagens estavam tomando, na verdade, àquele momento. E os cliffhangers eram
só pra deixar a gente louco pra ver o resto da história (que já tínhamos ideia
de como se desenvolveria) até a próxima fall season.
Bom,
pra finalizar, explicito aqui a minha razão de ter escolhido FRIENDS como o meu
primeiro texto sobre séries desse blog. Você pode não acreditar, mas eu
acompanhei a série do início ao fim, em tempo real. Se não me engano, comecei a
assistir regularmente no início de 95, com 11 anos de idade. Não entendia
muitas das piadas, já que era bem nova pra realmente compreender algumas delas,
mas ainda sim me divertia. Dez anos depois, quase, em 2004, lá estava eu
chorando a vida pelos olhos, assistindo o último e derradeiro episódio, ouvindo
I’ll
be there for you e batendo palmas pela última vez, em tempo real, (e se
você já é fã de FRIENDS então sabe que é praticamente lei bater palmas junto
com a música), e dando uma última olhada naquele apartamento 20, de paredes
coloridas e moldura na porta.
FRIENDS.
Tá aí uma série que valeu a pena ser assistida. E vale muito ainda. Preciso
confessar que, mesmo já tendo feito maratonas loucas pra reassistir tudo, eu
ainda faço questão de ver todas as vezes que estou em casa e sei que tá
passando. Me dá uma coisa boa aqui no coração, sabe, uma nostalgia gostosa, uma
saudade dos amigos, dos reais e desses seis malucos que hoje tão por aí,
vivendo vidas diferentes, com nomes diferentes, mas que pra mim, no fim, serão
sempre Mônica, Rachel, Phoebe, Joey, Ross e Chandler, aquele pessoal querido lá
do West Village que eu mal conheci (digo ‘mal’ porque não os conheci
pessoalmente), mas que pô, considerei pacas.
Melhoraram as roupas, melhoraram os cabelos e nenhum jeans! |
Obrigada
pela atenção e até a próxima.
Dani
P.s.:
desculpem, desde já, qualquer estranheza! E acho que não preciso dar links pra
ninguém baixar FRIENDS, não, né? Como eu já disse, passa 3 vezes ao dia no
canal Warner e já tem os boxes com as dez temporadas e não sei, mas é provável
que no Netflix também seja fácil de encontrar. ;)
hahahaha impossível mesmo não bater palmas junto com a música. Ótimo texto, Dani. Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigada! hahah
ResponderExcluirMuito legal o texto, Dani! Incrível como conseguiu falar em poucas palavras tudo o que a série e os personagens representaram para a nossa geração. Também amo e assisto quantas vezes passar na TV, sem cansar. Deu até saudade!!!!
ResponderExcluirheheh Brigada Lulu! A nossa geração tem sorte de ter algo assim pra nos representar!
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